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EMAÚS
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EMAÚS
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A dois passs da esperança
O caminho era cada vez mais longo.
Tantas vezes o percorreram.
Porquê agora, aquele peso na alma
e o desgosto a consumi-los por dentro,
aquela conversa trôpega, quase murmurada,
como se estivessem a guardar um segredo,
ou a esconder a angústia
que lhes ia na alma, com o coração em pedaços.
- De que falais?
Vidas. Consumiu-se a nossa esperança,
sonhámos a liberdade, um mundo novo,
a alegria da mão que se estende, na doação fraterna,
no entusiasmo de dar alegria e viver. Tudo morreu
tudo desapareceu
no maior sofrimento,
no limiar da morte,
atravessado de cravos…
- Porquê essa conversa?
- Que pergunta! Aconteceu.
E agora? Temos os sonhos lavados em lágrimas.
A promessa fugiu-nos por entre os dedos,
Como água que não beberemos.
- Mas não devia ser assim?
- Correram vozes que quase nos fizeram acreditar…
mulheres!
É noite, fica connosco, faz-nos companhia.
Repartiremos contigo
o que tivermos.
Um gesto, um olhar, um pedaço de pão…
uma alegria fogosa, mas tranquila
empurrou-os numa corrida para Jerusalém.
Entraram com a notícia
mas não era novidade .O coração deu um salto.
Na alma assustada, num eco longínquo
o coração, ainda aos pulos de alegria e confusão,
lembrou:
- Mas, não devia ser assim?
J. M. Gonçalves
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